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Sobre Mim
Sou a Sara Barreto, tenho 32 anos. Educadora Social de coração e por vocação. Aluna de Mestrado em Ciências da Educação, com especialização em Educação e Desenvolvimento Comunitário. Amante de livros, da Liberdade, da Democracia e da Esperança — faróis que me guiam o pensamento e a ação.
As minhas terapias preferidas? Estar com a família e os amigos, deixar-me embalar pelo sol e mergulhar no mar — lugares onde reencontro o essencial.
Não tolero guerras, discriminações nem discursos de ódio. Acredito, com convicção, que é pela Educação que se constroem pontes, se combatem injustiças e florescem utopias de transformação.

Entre Estrelas e Raízes: A Arte de Educar com a Sabedoria do Coração
Nasci no verão de 1992, com a maresia na alma e o coração aceso como o sol que me viu chegar. Cresci entre as raízes firmes de Vialonga e o voo livre dos sonhos, filha de uma família humilde, onde o amor é essência e os valores, bússola para a vida. Foi no colo da minha avó — mulher analfabeta, com toda a sabedoria no coração — que aprendi as primeiras lições daquilo que hoje reconheço como a essência da educação social: insistir em ser luz, quando tudo parece escuridão; transformar com propósito e acreditar com o coração.
Desde cedo, senti o chamado para um caminho com propósito. Quando terminei o 9.º ano, chamaram-me "a defensora dos pobres e oprimidos" — título inocente, mas profético. O sentido de justiça sempre persistiu, não era apenas um ideal, mas uma força quase inata em mim. Em 2009, dei forma concreta a esse impulso, ao ingressar no curso profissional de Animação Sociocultural. Foi aí que, pela primeira vez, a intuição se encontrou com a técnica, e a vocação ganhou denominação: Educação Social.
O percurso profissional evidenciou-se, então, como uma viagem ancorada sempre com o propósito da dignificação dos direitos humanos. Em 2014, ingressei na área do Acolhimento Residencial de Crianças e Jovens, experiência pioneira e regeneradora. Aprendi a ser ponte e abrigo, escuta e esperança. Que o essencialismo em acreditar é o reacender de uma crença. Que sou aprendiz, antes de ser guia, de todos aqueles a quem a infância passou ao lado, apressada e sem cuidado.
Três anos se passaram, e o destino conduziu-me à Santa Casa da Misericórdia de Almada, onde, no acompanhamento da medida do Rendimento Social de Inserção, mergulhei nas histórias de vida marcadas pela exclusão. Uma prática de proximidade, de mãos dadas com a dignidade, onde o afeto e a estratégia caminharam lado a lado. Aprendi, mais uma vez, que educar é, muitas vezes, acender luzes no escuro — e permanecer, mesmo quando todos os outros partem.
Segui caminho no projeto Reage em Rede, no âmbito dos Contratos Locais de Desenvolvimento Social - CLDS 4G, explorando o propósito em territórios esquecidos pelo tempo e pelas políticas. Onde a palavra "comunidade" ganhou um novo sentido: coletivo em movimento, capaz de sonhar e construir, acima de todos os desafios. Permaneci neste espírito no Centro Comunitário PIA II, no Monte da Caparica, onde a coesão social deixou de ser conceito para se tornar prática diária — feita de encontros, vozes e possibilidades.
Do terreno fértil da ação, dei um passo em direção à docência. Há dois anos, assumi a missão de acompanhar os futuros educadores sociais no Instituto Piaget de Almada. Levo comigo a convicção de que não basta formar para o saber: é preciso educar para o sentir, cultivar a ética, despertar o olhar crítico, e sobretudo ensinar que o amor é ferramenta pedagógica essencial.
Atualmente, regresso — sem nunca ter partido — ao contexto do acolhimento residencial, agora na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Conciliar esta missão com a docência é, para mim, como habitar dois lados da mesma ponte: um que acolhe, outro que projeta. E em ambos, o compromisso é o mesmo — com a justiça no coração, sempre aliada à promoção da dignidade humana.
Sou também mãe de dois pequenos grandes mestres, que me ensinam, todos os dias, os contornos mais profundos do amor e os limites mais extensos da entrega. São eles o meu poema vivo, a transformação constante que me obriga a reaprender, a reequilibrar, a recomeçar — sempre com ternura e coragem.
Como diria Álvaro de Campos, "Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo." E é entre essa humildade radical e essa ousadia poética que sigo. Porque acredito, com a força dos que não desistem, que é com gestos simples, palavras que acolhem e presenças inteiras que se começa a mudar o mundo.
Na verdade, mais do que um percurso, a minha vida é uma travessia — entre o chão duro das realidades que conheci e o céu aberto dos sonhos que me movem. E é nesse lugar, entre estrelas e raízes, que reencontro todos os dias o sentido mais verdadeiro de ser Educadora Social.